Várias pessoas quando perguntadas sobre o que mais lhe irrita, respondem sem pensar: da falsidade. Essa tal falsidade deslumbra uma ilusão que desejamos as vezes ter certeza de verdade, então, a ilusão desta verdade é mais lúdica do que o "de verdade". A verdade é crua, não temperada. O diferente pode ser frustrante, os problemas são frustrantes, os primeiros 5 minutos de um ouvinte a um "amigo" sobre seus problemas é mera curiosidade, depois desse tempo se torna chato se não for de verdade.
As desculpas e preocupações, servem para conforto próprio, pra não sentirmos culpado. A culpa é um sentimento difícil de se desimar, ela pode viver dentro de nós durante anos. Então, queremos nos explicar imediatamente com medo da culpa e não porque queremos que alguém perdoe, que seja feliz, que fizemos algum mau a alguém que gostamos. Se pararmos pra pensar, fugimos disso por medo da culpa, ela é avassaladora. A culpa é o apego ao passado. A culpa é a frustração pela distância entre o que nós fomos e a imagem de como nós deveríamos ter sido.
Muitas pessoas dedicam a sua vida a tentar realizar a concepção do que elas devem ser, em vez de se realizarem a si mesmas. Deveriamos ser nós mesmos, e saber que quem deve ser feliz é você mesmo. A culpa sempre se esconde atrás da máscara do auto-aperfeiçoamento como garantia de mudança e nunca dá certo e os erros em que nos culpamos são os menos corrigimos. O que é chamado erro é a saída fora de um modelo determinado, que pode ser errado hoje e não amanhã, pode ser errado num país e não ser errado em outro, em uma pessoa e em outra não, errado em uma filosofia e na outra normal.
Quando não nos escondemos atrás do medo da culpa, quando vivemos de verdade os sentimentos (sem ilusões), quando formos verdadeiros com nós mesmo, quando o ser feliz for verdadeiro... Aí sim, poderemos desejar que alguém seja feliz, DE VERDADE.
Eu me culpo pelo que sou, sou feliz por isso, porque é de verdade.
Natan Cabral
p.s.: ah, os comments foram liberados.