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sábado, 9 de maio de 2009

Fui eu?

A vida as vezes nos prega peças, a maioria engraçadas, principalmente quando se vê numa posição igual ao que se via antes. Em uma overdose de saudosismo (e chegando perto de um ano que essa pessoa "eu" escreve aqui) volto a ver algumas postagens antigas. Até mesmo para fazer um balanço do que aprendi, das vivências e dos pensamentos. Percebi, quase sem querer, que uma situação me rapta por acaso em pensamento. Que me faz sentir em flashback o que tinha vivenciado anteriormente. Que bom que a experiência conta nesses momentos, mas a impotencialidade com relação a situação me causa inquietude. Pra resumir todos os sentimentos, transcrevo um texto de Fernando Pessoa, muito propício a tempos atrás (e importante no momento) enviado por um amigo, Alexandre Arruda.



Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
(Fernando Pessoa).

...é, fui eu.

Abração
Natan Cabral

créditos: foto de John Waller (www.johnwaller.co.uk)

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