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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PAI

Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho,
Quando a tarde engolia aos poucos
As cores do dia e despejava sobre a terra
Os primeiros retalhos de sombra
 

Eu vi que Deus veio assentar-se
Perto do fogão de lenha da minha casa
Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
E buscou ali um copo de água no pote de barro
Que ficava num lugar de sombra constante.
 

Ele tinha feições de homem feliz, realizado
Parecia imerso na alegria que é própria
De quem cumpriu a sina do dia e que agora
Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.
 

Eu o olhava e pensava:
Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom viver chegar a essa hora da vida
Em que tenho direito de ter um Deus só pra mim.
Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos,
Puxar a caneta do seu bolso
E pedir que ele desenhasse um relógio
Bem bonito no meu braço
 

Mas aquele homem não era Deus,
 

Aquele homem era o meu PAI
 

E foi assim que eu descobri

Que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus
 

Revela-me Deus com seu
 

Jeito infinito de ser homem.

Pe. Fabio de Melo
poema: Deus é Pai


Natan Cabral

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